Com a correria do dia-a-dia, muitos pais optam em servir alimentos considerados ‘mais práticos’, mas nada saudáveis. Na lista estão desde papinhas industrializadas, salgadinhos, sucos de caixinhas, salsichas e alimentos congelados, como os nuggets (frango empanado). Nutricionistas mostram que essa ‘praticidade’ dos produtos industrializados traz prejuízos, afinal, esses alimentos não têm nenhum valor nutricional fora que são cheios de conservantes, corantes, sódio e açúcar.
A nutricionista Andrea Santa Rosa Garcia, membro do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional, diz que os alimentos industrializados são os maiores vilões da alimentação infantil. “Sucos de caixinha, alimentos congelados, biscoitos à base de água e sal, biscoitos recheados e alimentos com corante como gelatina e refrigerante. Todos devem ser evitados ao máximo”, comenta.
Os nuggets, explica Andrea, são alimentos que não tem nenhum valor nutricional, não é fonte de proteína, ricos em sódio e gordura trans. “Os nuggets podem ser feitos na versão caseira, com o próprio filé de frango empanado”, explica. Ou seja, basta fazer o filé à milanesa e ficar livre de ingredientes como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, aromas, corantes, entre outros produtos.
A jornalista Francine Lima, que criou o projeto do Campo à Mesa, explica que esses ‘quebra-galhos’ para matar a fome acabam sendo comprados com a ilusão que resolvem a vida de quem “não tem tempo para cozinhar”. O nuggets, por exemplo, se for frito faz muita sujeira danada além de ser muito gorduroso. Ou para assá-lo no forno, por exemplo, leva cerca de 30 minutos. “Muito mais prático fazer, por exemplo, um macarrão com brócolis, um omelete”, sugere a jornalista, que faz vídeos para mostrar como comer de forma saudável, mas com praticidade (veja os vídeos abaixo).
Para Fabiolla Duarte, do projeto Colher de Pau que ensina pais a preparar comidas saudáveis, diz que ninguém sabe ao certo como os nuggets, salsichas, e papinhas industrializadas são feitas, então, por que dar para o seu filho comer? “As papinhas foi uma máquina que fez, em um trabalho em série, ansioso por quantidade, altíssimas temperaturas e zero de vitaminas”, comenta. Ela diz que na época dos nossos bisavós, comíamos o que plantávamos e que hoje em dia não precisamos fazer tão diferente, ou seja, não necessariamente você precisa plantar, mas se alimentar com mais frequência de legumes, verduras e frutas.
Recentemente foram lançadas papinhas que podem ser sugadas pelos bebês em embalagens que funcionam como uma espécie de bisnaga. Mas, qual a dificuldade da mãe ou pai simplesmente amassar uma banana ou raspar uma maçã e oferecer a fruta para o seu filho? Fazer as papinhas salgadas também é algo muito simples que não leva mais de 15 minutos e é muito mais saudável e nutritivo do que aquelas compradas em potinhos de vidro e aquecidas no micro-ondas. Para quem não sabe cozinhar ou não quer, tem empresas que vendem papinhas caseiras que são feitas com produtos frescos e orgânicos, ou seja, muito mais saudáveis para os bebês.
Os pais devem também optar sempre pela água e suco e evitar ao máximo oferecer refrigerante para as crianças. Se os pais não têm o produto em casa, os filhos dificilmente vão consumir. “Já vi mãe em restaurante oferecendo refrigerante na mamadeira, insistindo para o filho tomar”, comenta Francine.
COMO MUDAR OS HÁBITOS?
Andrea, mãe de quatro filhos, explica que não é tão difícil como parece manter hábitos saudáveis em casa. “Os pais devem sempre estimular e não desistir, morrer de fome a criança não irá morrer”, comenta. Ela diz que uma dica muito importante é, sempre que possível, fazer as refeições junto com as crianças, pelo menos uma refeição por dia. “Chamar as crianças para prepararem as refeições junto com pais, dessa forma elas entram em contato integral com o alimento, despertando sua curiosidade”, aconselha.
Ela também ressalta que os pais são os exemplos para os filhos, ou seja, se a casa tiver hábitos alimentares saudáveis, a criança seguirá o mesmo caminho. “Os pais sempre serão o seu espelho”, comenta.
A proporção de obesos no Brasil já é maior entre crianças e adolescentes do que entre adultos.
De acordo com um estudo do Ministério da Saúde e do IBGE feito entre 2008 e 2009, 21,7% dos jovens de dez a 19 anos estavam acima do peso.
A obesidade é um grave problema de saúde pública porque é fator de risco para uma série de doenças, como diabetes, hipertensão, colesterol alto, apneia do sono, artrite, artrose, hérnia de disco e distúrbios cardiovasculares.
Manter uma alimentação equilibrada e praticar atividade física regularmente são as melhores medidas de prevenção.
Fonte: Folha de São Paulo